Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

ANO 22 • • Nº 42

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE

Porto Alegre | RS

Autora

Cátia Deon DallAgno

Editora do Jornal

Conselho Editorial

Regina Pereira Klarmann

Diretora de Publicações

Laura Meyer da Silva

Comissão Editorial

Leonita Beatriz Tramontina Serena

Comissão Editorial

Carla Brunstein

Comissão Editorial

Ana Paula Mezacaza Filippon

Comissão Editorial

O devir da cultura, o devir da psicanálise

  • Qual será o devir, o do sujeito do futuro e o da psicanálise, considerando-se as profundas, rápidas e constantes transformações que acontecem na cultura atual

Em filosofia, o termo devir tem o significado de fluxo permanente, de movimento ininterrupto, de uma lei geral do universo que dissolve, cria e transforma todas as realidades existentes; devir é jamais imitar, é jamais fazer como, é não ajustar-se simplesmente a um modelo, e sim estar exposto a idas e vindas que, paradoxalmente, mantêm e modificam a realidade e o sujeito nela inserido. O tema desta edição do jornal da SPPA está centralizado na questão da psicanálise e o sujeito do futuro. Nesse sentido, perguntamo-nos qual será o seu devir, o do sujeito do futuro e o da psicanálise, considerando-se as profundas, rápidas e constantes transformações que acontecem na cultura atual.

Durante o período em que a equipe editorial preparava essa edição, mais uma guerra eclodia no mundo, desta vez, aparentemente, ainda mais cruel e insana. Uma guerra recheada de terror, tendo por base o fanatismo e a intolerância em nível extremo, impedindo qualquer possibilidade de pensamento reflexivo e levando à matança indiscriminada daqueles que representam a diferença. No entanto, ao mesmo tempo em que observávamos no mundo inteiro a existência exacerbada de fanatismos, intolerância e preconceito, percebemos também a presença de grupos que lutam pela inclusão, contra a destrutividade e em prol de uma sociedade mais justa, uma sociedade que consiga tolerar as diferenças e buscar a paz.

É evidente que a psicanálise se faz presente em tal contexto, pois inevitavelmente encontra-se inserida no vir a ser cultural, tendo como responsabilidade manter o compromisso ético de pensar a respeito do fluxo permanente de criações e transformações existentes. Uma delas, que instiga e, ao mesmo tempo, preocupa a todos nós, psicanalistas, é a questão da tecnologia. Essa área inclui mudanças rápidas e que nos assombram por sua extrema inovação e originalidade, como é o caso do Humane A, lançado recentemente em São Francisco, na Califórnia. Um tipo de broche pensado para substituir os smartphones, ele pode ser acoplado à roupa, trazendo inúmeras informações, o tempo todo, para quem o usa: faz e recebe ligações, informa quem é o interlocutor, realiza traduções simultâneas e muito mais. Tudo isso, literalmente, na palma da mão.

Diante de tamanhas mudanças, elaboramos para essa edição uma matéria central que traz informações e inquietações a respeito das IAs, a partir de entrevistas realizadas com o biólogo José Roberto Gondim e a psicanalista Caroline Buzzatti Machado. Contudo, não paramos por aí. Pensando em abordar outros aspectos pertinentes ao sujeito do futuro, convidamos a psicanalista Luciane Falcão para escrever um artigo no qual questiona como podemos pensar as neossexualidades; contamos ainda com a colega Cátia Olivier Mello para falar-nos a respeito da questão da subjetividade, enquanto Anette Blaya Luz nos brinda com um artigo em que apresenta algumas perspectivas futuras da psicanálise. As demais diretorias estão também contempladas, trazendo informações relevantes sobre as atividades realizadas recentemente na instituição.

Convidamos a todos para se informar com o nosso jornal, e desejamos uma boa leitura!