Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

ANO 23 • • Nº 44

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE

Porto Alegre | RS

Mulher madura em diálogo

  • Fenômenos típicos da maturidade feminina estão relacionados aos diversos lutos que a mulher deve elaborar no período

Desde 2021, o Comitê de Estudos sobre o Feminino reúne-se para estudar as questões levantadas pelo Comitê de Mulheres e Psicanálise da SPPA (COWAP/Brasil). Após escrevermos o artigo O feminino e as questões de gênero: de Lilith à contemporaneidade, nos propusemos a enfocar a temática da mulher madura, tendo em vista uma maior necessidade de compreensão do tema devido ao aumento da procura desta faixa etária em nossa clínica psicanalítica. Entendemos que os fenômenos típicos desta fase estão relacionados aos diversos lutos que a mulher deve elaborar no período.

As reações perante o próprio processo de envelhecimento estão diretamente ligadas ao seu desenvolvimento biopsicossocial e às suas experiências. As respectivas vivências irão influenciar o modo como cada uma enfrentará as perdas inerentes dessa etapa. Assim, podemos citar o declínio da juventude e do corpo, a menopausa, o ninho vazio, a aposentadoria, a possível perda de entes queridos e outros, como eventos que irão exigir uma sustentação emocional, uma força egóica, para suportar e elaborar tamanhas mudanças.

Em estreita conexão, encontram-se ativadas diversas defesas que lutam contra o envelhecimento, incrementadas por um apelo cultural que visa negar a passagem do tempo. Por exemplo, observamos a busca da juventude eterna através de procedimentos estéticos, por vezes exagerados, aos quais a mulher acaba por se submeter de forma masoquista e/ou a competição com mulheres mais novas, negando a diferença de gerações.

É possível que tal anseio fortaleça o narcisismo feminino, procurando reprimir um estado de falta ligado ao complexo de castração. Acreditamos que este processo dá origem a uma crise de cunho narcísico-identitária, na qual o sofrimento está conectado às suas relações primitivas. Desta forma, é necessário ampliar perspectivas em busca de um maior entendimento a respeito do tema, considerando que este é um momento do ciclo vital, não existindo uma forma específica de pensar, compreender e/ou normatizar o funcionamento mental da mulher madura.

Autoras:

Ana Luiza Wolf, Iara Lucchese Wiehe, Maria Regina Limeira Ortiz, Laura Meyer da Silva, Karem Cainelli, Betina Teruchkin, Mery Wolf e Heloísa Tonetto