Autora
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Cátia Deon DallAgno
Editora do Jornal
Conselho Editorial
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Kátia Ramil Magalhães
Diretora de Publicações
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Laura Meyer da Silva
Comissão Editorial
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Leonita Beatriz Tramontina Serena
Comissão Editorial
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Carla Brunstein
Comissão Editorial
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Ana Paula Mezacaza Filippon
Comissão Editorial
A psicossexualidade humana e suas novas perspectivas em debate
“Sensualidade”, Vala Ola.
Trio chinês Unmask Group: Liu Zhan, Kuang Jun e Tan Tianwei, esculturas com finas folhas de metal.
Para a psicanálise, a sexualidade ocupa um lugar diferente daquele presente no imaginário popular, pois ela é central na estruturação do psiquismo. Ao final do século 19, enquanto trabalhava com pacientes histéricas, Freud começou a perceber a importância da sexualidade na construção da sintomatologia destas mulheres, compreendendo que elas seriam portadoras de uma sexualidade inadequada ou incompleta. Em 1900, com a Interpretação dos Sonhos, Freud descobriu o inconsciente e, neste primeiro modelo de organização mental, ele teorizou a existência de vivências infantis de cunho afetivo e sexual presentes no inconsciente que, caso estivessem ligadas a traumas, iriam se transformar em sintomas. Mais tarde, em 1905, ele escreveu os Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, causando um grande tumulto na Viena da época, uma vez que abordou a sexualidade nas crianças, até então consideradas seres cuja pureza transcendia o sexual. Com os três ensaios, Freud desnuda a existência da sexualidade desde cedo nos seres humanos, considerando que o desenvolvimento da libido ocorreria em três momentos importantes da infância, o oral, o anal e o fálico, surgidos ao longo dos quatro ou cinco primeiros anos de vida. Após esse período, a criança entraria em fase de latência, com o seu psiquismo preparado para a aquisição de conhecimentos como parte da aprendizagem, o que auxiliaria também no fortalecimento do ego.
Na puberdade, em consequência do desenvolvimento corporal e hormonal, a sexualidade infantil, com todas as suas vicissitudes, deveria ser retomada e reelaborada até que o seu desenvolvimento completo culminasse em uma sexualidade adulta.
Para a psicanálise, a sexualidade humana é considerada uma psicossexualidade, uma vez que não se pode separar as vivências sexuais e afetivas de seu representante psíquico. Durante toda a sua obra, Freud desenvolveu essas ideias e, depois dele, muitos outros teóricos da psicanálise passaram a ampliá-las. Na contemporaneidade, o debate psicanalítico em relação à sexualidade tem ocorrido em torno de complexas questões que envolvem o feminino e o masculino, o gênero e as neossexualidades, entre outras, abordadas por uma perspectiva clínica, social e cultural. A psicanálise e os psicanalistas, sempre abertos ao novo que se apresenta na cultura, têm se debruçado e pensado sobre as muitas questões relativas à sexualidade contemporânea, aliando-se inclusive a outras disciplinas, como a sociologia e a antropologia, em uma tentativa de compreensão dos mistérios que envolvem a profundidade da mente humana.
Tendo em vista essas perspectivas, a equipe editorial do jornal da SPPA elegeu como seu tema central, para a presente edição, os novos conhecimentos que estão sendo pensados em relação à sexualidade humana, mais particularmente a psicossexualidade. Para ajudar-nos nessa tarefa, convidamos dois colegas de nossa Sociedade que estudam o assunto, Sérgio Lewcowicz e Maria da Graça Motta, para que tecessem comentários a respeito de suas descobertas. Com vasta experiência clínica, a ginecologista Carla Vanin vem complementar nosso trio de entrevistados.
Além da matéria central, essa edição traz artigos inéditos sobre o tema escritos por alguns colegas, o psicanalista argentino Eduardo Tesone, o psicanalista da SPPA Maurício Marx e Silva e o grupo Cowap: O Feminino, também representado por membros de nossa instituição. Além disso, trazemos informações preciosas sobre as atividades desenvolvidas por nossas diretorias e comissões no semestre que agora finda, bem como sobre aquelas que acontecerão no ano que se aproxima.
Boa leitura a todos!